As possibilidades de controle do imaginário foram se revelando a partir do uso de material audiovisual dirigido a transmitir mensagens agregadoras e ideológicas, como fez o nazismo, o comunismo soviético e o capitalismo norte-americano. Mas nem tudo na indústria audiovisual está atrelado a interesses de dominação. Na própria cadeia produtiva do cinema e da televisão surgiram inúmeros artistas independentes. Mercados de nicho e gêneros cinematográficos como o documentário ganharam muita força, sobretudo com a distribuição digital.
Pensadores no início do século passado, como Theodor Adorno, Walter Benjamin e muitos outros da Escola de Frankfurt, se detinham a analisar os efeitos da imagem reproduzida em grande escala. As possibilidades de controle do imaginário foram se revelando a partir do uso de material audiovisual dirigido a transmitir mensagens agregadoras e ideológicas, como fez o nazismo, o comunismo soviético e o capitalismo norte-americano, só para citar alguns casos de uso estratégico da indústria cultural por um Estado-Nação.
Com a queda do nazismo e, mais adiante, do muro de Berlim, configurou-se o preocupante domínio do mercado do imaginário pelas chamadas majors, nome dado aos grandes conglomerados de mídia, que detêm estúdios de produção e direitos de exibição dos filmes de Hollywood, além de redes supranacionais de televisão aberta e por assinatura, canais de internet, jornais, revistas e cadeias de rádio espalhados por todo o mundo. “85% dos ingressos de cinema vendidos no mundo são para filmes produzidos em Hollywood” aponta Gilles Lipovetsky, no livro Tela Global. “Sete grandes estúdios de cinema dominam 80% do mercado mundial”, reforça o autor.
O resultado disso é a criação de um padrão de consumo global, com “adolescentes mundiais”, compartilhando uma “única cultura pop mundial, absorvendo os mesmos vídeos e a mesma música e proporcionando um mercado enorme para tênis, t-shirts e jeans de merca, afirma o relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) de 2004.
A Unesco, organização das Nações Unidas para a Educação Ciências e Cultura, aprovou, em 2005, a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais. O documento prevê medidas concretas para salvaguardar culturas, línguas, modos de vida, sistemas de valores, ameaçados por um sistema que ocupa as mais diversas telas, do cinema à tela do aparelho de telefonia móvel, para disseminar mensagens de competição, guerra, intolerância e violência.
Mas nem tudo na indústria audiovisual está atrelado a interesses de dominação. Na própria cadeia produtiva do cinema e da televisão surgiram inúmeros artistas independentes, capazes de expressar com olhar crítico a influência das imagens sonorizadas sobre as pessoas. Muitos desses artistas ocuparam espaço na grande indústria, realizando filmes, novelas e seriados com autonomia. Mas isso só foi possível com o envolvimento dos artistas no business do cinema, se apropriando das ferramentas da indústria.
Alguns modelos de indústrias locais mostraram-se bem sucedidas, como é o caso da Índia, do Japão, da China, da Nigéria, todos eles com forte influência e preferência dos públicos locais.
Mercados de nicho e gêneros cinematográficos como o documentário ganharam muita força, sobretudo com a distribuição digital, tanto de plataformas gratuitas como o YouTube, como dos chamados OTTs (over-the-top), como Netflix, iTunes, Amazon Prime, HBOGo, entre muitos outros.